Mont Saint-Michel: A herança da Civilização Francesa.
- Rose Serafim
- 30 de mai. de 2016
- 4 min de leitura
Conhecido como um dos pontos turístico mais antigo da França. o Mont Saint Michel encanta pela imponencia, visto de longe, sua presença se torna mais evidente, isolado do continente pelas águas da Baia de Saint-Michel, ou pela areia quando a maré esta baixa.

Esta pequena ilha, composta por uma ilha e localizada na fronteira entre Normandia e Bretanha, bem na foz do rio Couensnon, é a cidade com o maior numero de monumento histórico que recebe cerca de 3 milhões de visitante todos os anos.

Antigo lugar de peregrinação, o Monte, construído primeiramente para ser um santuário, tem atração para todos os gostos, sendo a abadia, situada no topo, personagem principal. Foi a partir e por causa dela as seguintes construções ao seu redor.

Alem de Igrejas e santuários religiosos, o Monte conta também com museus, restaurantes, antigas masmorras, bares e uma vista natural impressionante.
No passado, a travessia a pé ou a cavalo pela baía provocou inúmeras vítimas fatais, já que a maré sobe muito rapidamente, pegando desprevenidos os viajantes desinformados e mais otimistas que imaginavam que iriam conseguir percorrer a travessia antes de a água voltar, as ondas podem chegar a atingir 14 metros.
O grande número de mortes por esse fenômeno gerou muitas lendas e histórias fantásticas no decorrer dos anos ,um dos apelidos do monte é “São Michel ao perigo do mar”.

Por ser um percurso perigoso e traiçoeiro, ele só deve ser feito com acompanhamento profissional. Toda caminhada é realizada em equipes, comandadas por guias experientes que conhecem os pontos mais perigosos e os horários das marés, além de conhecerem a história da região. As travessias podem ser só de ida ou ida e volta.
Como equipamento básico e vestimentas, bermudas e pés descalços – os calçados ficam na mochila para serem usados só quando se chegar ao monte. Além, é claro, de protetores solares e bonés e um casaco de nylon, por segurança.

As travessias a pé podem ser realizadas durante o ano todo, mas não se recomenda fazê-las nos meses mais frios [de novembro a março], pois as temperaturas são muito extremas. Nessa época, recomenda-se o uso de botas de borrachas, além de mais roupas de frio. Há um grande temor, por parte da comunidade local e do próprio governo francês que, em um futuro a curto prazo, por volta de 2025, o Monte Saint Michel perca sua principal característica: seu aspecto insular. Isso porque ano a ano a vegetação continental se aproxima cada vez mais do monte, em razão das mudanças climáticas e, principalmente, do acúmulo de terra e areia transportado pela maré.

O local era inicialmente habitado por ermitões cristãos que lá se instalavam para viver em solidão e pobreza, na época, o local era chamado de Monte Tombe (túmulo ou elevação). Diz a lenda que, no ano de 708, Aubert, o então bispo de Avranches, cidade muito próxima, recebe três aparições do Arcanjo São Miguel em seus sonhos, ordenando que consagrasse o monte ao seu culto, teria sido preciso que o anjo furasse o crânio de Aubert com o dedo para que ele passasse a acreditar em suas visões. No ano seguinte, a abadia já estava consagrada, dando origem às demais construções, passando a atrair peregrinos, e desde o século XIX, turistas de todos os cantos.

O local sobrevive às invasões dos normandos na atual região francesa hoje conhecida como Normandia o rei da França transforma um dos líderes, Rollon, em Duque da Normandia, repassando-lhe autonomia, com a condição de que ele se convertesse ao Cristianismo e prometesse proteger a região de ataques estrangeiros.

Com o tempo, é preciso expandir a abadia e construir novos edifícios, já que era cada vez maior a presença de monges, especialmente beneditinos. A Notre-Dame-sous-Terre e a capela de Saint-Martin são construídas no auge das novas técnicas que passam a reger a arquitetura românica.

No século XIII, na tomada da Normandia pela França, o monte, que já chamava a atenção pela beleza arquitetônica e tinha alto conceito como sítio religioso, é sitiado e parcialmente incendiado. Para receber o perdão e ganhar a simpatia dos religiosos do monte para a causa francesa, o rei Felipe II envia grandes quantidades de ouro para pagar a reconstrução, quando é marcada a influência da arquitetura gótica.

O local pode se orgulhar de, apesar de ter sido sitiado várias vezes, nunca ter sido conquistado por uma força estrangeira. Na Guerra dos Cem Anos, a Normandia cai nas mãos dos ingleses. Em 1415, o abade do monte, Robert Jolivet, aceita se juntar aos ingleses, mas os demais monges se rebelam e o acusam de traição. Muitos cavaleiros, expropriados, para lá fugiram em refúgio.

Nove anos depois, o local resistia, mas em condições críticas, pois estava cercado sem condições de reabastecer-se. Por sorte, uma vitória de bretões em Saint Malô dispersa os navios ingleses e o aprovisionamento do monte se torna possível pelo mar.

Essa vitória de resistência repercute e dá moral à tropas francesas. O culto a São Miguel cresce em novas proporções, até a hora em que ele teria aparecido para Joana D’Arc como “protetor da França”, prometendo guiá-la “em defesa do rei”. Após o fim da guerra, o monte foi cercado por muralhas e altas torres para protegê-lo de ataques, tornando-se também uma fortaleza.

Durante o século XVI, as guerras de religião tornaram o Monte um dos principais alvos do combates. Os protestantes tentaram apoderar-se da Igreja Católica por duas ocasiões. Os monges foram expulsos durante a Revolução Francesa, e a abadia torna-se uma prisão e local de tortura, fase que duraria até o período do Segundo Império (1852-1870). Quatro anos depois que o Monte finalmente se tornará monumento histórico, passando por restauros e recuperando seu esplendor. Em 1979, tornou-se Patrimônio Mundial da Unesco (União das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).
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